terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Para mim ou para eu fazer

Um leitor me enviou um panfleto de um condomínio da cidade, questionando o uso do “para mim” no seguinte período: “Para mim, morar em condomínio fechado é maravilhoso”. Afirmava ele, perplexo, que aprendeu há muito tempo, que antes de verbo no infinitivo sempre se usa “para eu” e não “para mim”.
Na verdade, não se trata somente de haver um verbo depois do pronome. A questão é observar qual a relação entre esse pronome e o verbo. No exemplo citado pelo leitor, “mim” não é o sujeito do verbo. A vírgula, inclusive, garante isso, já que não se deve usar vírgula entre o sujeito e o verbo. O “para mim” é somente um complemento do verbo, que foi deslocado para o início da oração. É possível colocá-lo ao final da oração: “Morar em condomínio fechado é maravilhoso para mim”. Um exemplo semelhante foi usado por um professor de português, em uma entrevista na TV. Disse ele: “É um prazer, para mim, estar no programa”. Aqui, houve também uma inversão da ordem e o “para mim” é complemento do verbo e não sujeito. Era possível ele dizer “Para mim, estar no programa é um prazer” ou “Estar no programa é um prazer para mim”. Note que, nesses casos, “para mim” expressa uma opinião do próprio falante a respeito do que é dito.
Sempre que o pronome é usado como complemento, é correto usar a forma oblíqua “mim”. Por exemplo: “O exercício foi feito para mim”, “João disse aquilo para mim” ou “O jornal foi enviado para mim”.
Por outro lado, se o pronome tem função de sujeito, ou seja, aquele que pratica a ação, deve-se optar pelo “eu”: “O exercício é para eu fazer”, “João disse para eu jogar na zaga”, “O jornal de hoje é para eu ler”.
Para eliminar a dúvida no uso dos pronomes, vale relembrar as sábias palavras de minha professora dos tempos de colégio “O mim não faz nada, o eu é que faz”.

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