Dias atrás, em discurso no ABC Paulista, o presidente Lula disse que as olimpíadas, realizadas em várias disciplinas nas escolas da rede pública eram de grande relevância na formação escolar. Afirmou ele: “A de português é muito importante para as crianças não falarem ‘menas’ laranjas, como eu”. Lula aproveitou para alfinetar a retórica complicada de alguns políticos, ironizando “Às vezes, o português correto, as pessoas nem entendem. Entendem o ‘menas’ que eu falo”.
Embates políticos à parte, falemos um pouco da forma ‘menas’, usada de maneira proposital pelo presidente. Apesar de não constar no dicionário, essa forma é muito usada na linguagem popular, principalmente por pessoas que não tiveram a oportunidade de frequentar a escola.
A confusão se dá pela tentativa de realizar a concordância dessa palavra com o substantivo que vem depois. Acontece que o vocábulo menos é um pronome indefinido que não sofre variação, nem em gênero, nem em número. Esse pronome invariável é usado em comparações do tipo menos... do que. Dessa forma, temos “João tem menos laranjas do que seu vizinho”, “A caipirinha tem menos limões do que a limonada”. Da mesma forma, é invariável o vocábulo “meio”, quando usado como advérbio, significando “um pouco”, em frases como “O jogador está meio cansado”, “A torcida estava meio cansada” ou “Os jogadores estavam meio cansados”. Não nos esqueçamos, no entanto, que, ao contrário de “menas”, a palavra meia existe. Aliás, podemos ter meia funcionando como substantivo, “Compre um tênis e ganhe uma meia!”, como numeral, significando exatamente a metade de algo, “Comprei meia melancia!”. A dica é se atentar para o contexto em que a palavra está inserida. Ah, antes de encerrar, nunca é demais lembrar que nem mesmo o célebre escritor Machado de Assis escapou dessa confusão. Em Quincas Borba, lê-se: “a cabeça do Rubião meia inclinada”. Até a próxima.
* meia-língua, no Dicionário Aurélio, significa 1. Linguagem confusa, pouco inteligível, particularmente de criança ou de estrangeiro que não domina um determinado idioma.
Embates políticos à parte, falemos um pouco da forma ‘menas’, usada de maneira proposital pelo presidente. Apesar de não constar no dicionário, essa forma é muito usada na linguagem popular, principalmente por pessoas que não tiveram a oportunidade de frequentar a escola.
A confusão se dá pela tentativa de realizar a concordância dessa palavra com o substantivo que vem depois. Acontece que o vocábulo menos é um pronome indefinido que não sofre variação, nem em gênero, nem em número. Esse pronome invariável é usado em comparações do tipo menos... do que. Dessa forma, temos “João tem menos laranjas do que seu vizinho”, “A caipirinha tem menos limões do que a limonada”. Da mesma forma, é invariável o vocábulo “meio”, quando usado como advérbio, significando “um pouco”, em frases como “O jogador está meio cansado”, “A torcida estava meio cansada” ou “Os jogadores estavam meio cansados”. Não nos esqueçamos, no entanto, que, ao contrário de “menas”, a palavra meia existe. Aliás, podemos ter meia funcionando como substantivo, “Compre um tênis e ganhe uma meia!”, como numeral, significando exatamente a metade de algo, “Comprei meia melancia!”. A dica é se atentar para o contexto em que a palavra está inserida. Ah, antes de encerrar, nunca é demais lembrar que nem mesmo o célebre escritor Machado de Assis escapou dessa confusão. Em Quincas Borba, lê-se: “a cabeça do Rubião meia inclinada”. Até a próxima.
* meia-língua, no Dicionário Aurélio, significa 1. Linguagem confusa, pouco inteligível, particularmente de criança ou de estrangeiro que não domina um determinado idioma.
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