Há alguns dias, um panfleto de propaganda me chamou a atenção pela criatividade no uso da língua. Em uma oferta de serviços de banho e tosa de loja especializada em produtos e serviços para animais (“pet shop”), viam-se em grandes letras, os dizeres “Aqui o seu cão vai ficar um gato”.
O produtor do anúncio se utilizou sabiamente de um recurso importantíssimo da língua: as figuras de linguagem. No caso, de uma das figuras mais produtivas da língua portuguesa, conhecida como metáfora, que consiste no emprego de uma palavra fora de seu sentido convencional ou normal, apontando semelhança mental e subjetiva entre os seres.
Podemos dizer que “a propaganda é a alma do negócio” ou que “o futebol é uma caixinha de surpresas”. Nos dois casos, estamos usando o sentido figurado, para dizer que a propaganda é de importância fundamental no negócio e que tudo pode acontecer em uma partida de futebol.
No panfleto, além de explorar o fato de que cães e gatos constituem a grande maioria dos “clientes” desse tipo de loja, o responsável pela propaganda atentou-se para o fato de que a palavra “gato”, além de ser usada para se referir aos felinos, também é usada metaforicamente como alusão aos seres humanos que se destacam pela beleza e sensualidade. O resultado foi a oração acima, que chamou a atenção dos futuros clientes em relação aos cuidados estéticos oferecidos, que vão deixar os cães e, obviamente, os gatos mais belos do que já são.
A utilização de metáforas relacionadas à palavra cão não gerariam mesmo resultado. A oração “o seu gato vai ficar o cão”, por exemplo, surtiria efeito contrário, já que “o cão”, metaforicamente, pode remeter a um ser de aparência desagradável.
Até a próxima.
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