Uma leitora enviou-me pelo blog uma dúvida a respeito de colocação pronominal e julguei que o tema seria relevante para figurar no texto desta semana. A primeira questão a considerar quando tratamos da colocação pronominal é destacar a enorme diferença entre as regras das gramáticas, que devem ser seguidas na escrita formal, e a norma (no sentido de normal, usual) da língua falada no Brasil. Obviamente não vamos exigir que um brasileiro de qualquer parte do país deixe de dizer “Me dá a batata.” e passe a usar a forma “Dá-me a batata.”.
Há várias regras a seguir, trataremos das principais. O pronome assume três posições: antes do verbo (próclise), depois do verbo (ênclise) e no meio do verbo (mesóclise). Essa última posição somente é usada com formas verbais do futuro do presente e do futuro do pretérito, ambas no indicativo. Por exemplo: “Dar-te-ei o presente amanhã” ou “Esperar-lhe-íamos até o sol raiar.”.
Normalmente, não se inicia oração por pronome átono. Se o verbo é primeiro elemento da oração, o pronome vem depois: “Deixe-me sozinho agora.”. Também não se deve usar pronome após a vírgula. Vejamos: “Neste país, leva-se vantagem em tudo.”
Quando o verbo é precedido de partícula negativa, como “não”, “jamais”, “nada”, “nunca” etc., normalmente, usa-se a próclise (pronome átono antes do verbo), pois essas partículas “atraem” o pronome. Por exemplo: “Não se deve votar em corrupto.” ou “Nunca me disseram essas besteiras.”. Pronomes indefinidos, como “alguém”, “tudo”, “todos” etc., pronomes interrogativos, como “quem”, “quando”, “como” etc. e advérbios, como “sempre”, “amanhã”, “ontem” etc., também atraem o pronome. São exemplos: “Alguém lhe pediu ajuda?” , “Quanto lhe ofereceram pela casa?” ou “Sempre me dizem a mesma coisa.”.
Para casos em que não há qualquer indicação, é comum o uso da ênclise, contudo o escritor pode seguir seu próprio estilo. Até a próxima semana.
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