Uma longa conversa com um legítimo português me inspirou a escrever o texto desta semana, que não poderia deixar de ser sobre as diferenças que a nossa língua, o português brasileiro, tem em relação ao português de Portugal.
Nosso modo de falar se diferencia do modo lusitano em todos os níveis, desde o fonético até o semântico. A maior distinção entre as variedades do Brasil e de Portugal, contudo, pode ser encontrada no léxico.
Por exemplo, em Portugal não se toma café-da-manhã, farta-se com um pequeno-almoço. Não se pega um trem ou um ônibus, toma-se um comboio ou um autocarro. Lugar é chamado de sítio. Giro significa divertido, elegante, bonito e inteligente. Se o lugar é divertido, diz-se, então, que o sítio é giríssimo. Lá, os alunos não reprovam de ano, mas ficam chumbados. As crianças são chamadas de miúdos. Para se referir à juventude usa-se a expressão miudagem. A mulher se refere ao marido como meu homem. Velório pode ser chamado de velatório. Não se colocam as coisas, metem-se. Há lá ainda quem chame o colégio de liceu. Não se toma banho no banheiro e sim na casa de banho. Aliás, a palavra banheiro, em Portugal, é usada para se referir aos salva-vidas. O pão do tipo bisnaga é chamado de cacete. Não se praticam esportes, praticam-se desportos. Se aqui o carro é conversível, lá ele é descapotável.
O famoso gerúndio, usado em profusão no português brasileiro, não é muito empregado em Portugal. Uma operadora de telemarketing lusitana diria: “Senhor vou estar a efetuar o vosso cadastro e estar a cancelar vosso serviço”.
Com tantas diferenças há quem diga que é preciso se recorrer a um explicador, que no Brasil nada mais é do que professor particular. É isso. Até a próxima.
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